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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Novelas de cavalaria: José de Arimateia, A demanda do santo Graal e Amadis de Gaula


Portugal passou por inúmeras dificuldades até conseguir conquistar sua independência na península Ibérica, ela está muito ligada à diferenciação das atividades econômicas da região e as rivalidades dos grupos feudais. Mas esta conquista também não era estável, visto que existiam inúmeros conflitos internos durante este período que perduraram até o reinado de D. Afonso III
Além de enfrentar os conflitos político-militares, eles também tiveram de lidar com a invasão dos mouros, o que fez com que cavaleiros de toda parte viessem para Portugal para lutar e deixassem para trás suas esposas e donzelas apaixonadas, tema bastante abordado nas cantigas trovadorescas. Depois de conseguir expulsar os mouros, Portugal começou a ser impulsionado para o progresso, com isso, a Igreja ganhou mais poder visto que a visão teocêntrica era dominante, afinal não poderia se existir feudalismo sem teocentrismo e vice-versa.
Portugal alcançou o seu ápice de desenvolvimento comercial com o reinado de D; Dinis, este rei incentivou inúmeras atividades importantes para a nação Portuguesa, inclusive a construção da Universidade Portuguesa, ele também foi um grande trovador. Com o tempo, houve modificações drásticas no cenário político de Portugal, principalmente com a dinastia de Avis, que marcou a vitória da burguesia, levando o país para novos rumos como as grandes navegações e descobertas de novos territórios.
Ainda no contexto medieval, no meio de uma sociedade temente a Deus e muito influenciada pela igreja, surgem as novelas de cavalarias que são uma evolução das canções de gestas (poesias de temas guerreiros). Elas, na realidade, são originárias da França e da Inglaterra e foram divididas em três ciclos: o clássico, ou Greco- latino, o carolíngio e o Bretão ou arturiano. Em Portugal o ciclo que se desenvolveu, de fato, foi o bretão. Utilizando-se da “matéria Britânica”, as novelas de maior destaque é José de Arimateia, Merlin e A demanda do santo Graal. Também podemos incluir o Amadis de Gaula que acompanha este ciclo, mas que já faz parte de um período diferente.
Sabemos que a versão portuguesa de Merlin foi perdida e restou apenas a espanhola, mas as outras três foram conservadas e são as mais conhecidas. Essas novelas de cavalaria são traduções portuguesas das obras originais e são as primeiras formas de prosa portuguesa. A igreja, a fim de passar valores para a sociedade, foi uma grande influente nessas adaptações, através das novelas de cavalaria ela impôs a imagem do cavaleiro, até então visto como um homem sujo e desonesto que violava mulheres e saqueava por onde quer que passasse mesmo estando a serviço de Deus, como um homem íntegro,  leal e casto.
Nas novelas de cavalaria, o amor não é mais platônico como nas cantigas trovadorescas, ele é correspondido pela senhora que por ser casada deve contê-lo. Isso é chamado de “amor cortês”, na maioria das vezes, o casal não tem um final feliz e é severamente punido por cometer o pecado de amar. Um grande exemplo deste amor cortês é a relação entre Lancelotte e Guinevere. Logo, é ressaltada nestas novelas de cavalaria a castidade do cavaleiro, para ser um bom cavaleiro, é necessário manter-se casto e leal ao seu senhor. Assim, observa-se que na demanda do santo Graal, toda espécie de amor é considerada pecaminosa.
Fazendo um breve comentário a respeito destas obras, na primeira, José de Arimateia, conta-se a história de José que era da cidade de Arimateia que acompanhou os passos de cristo, depois de sua morte, ele guardou o seu sangue em um santo vaso que guardou por toda a sua vida, até mesmo quando esteve preso alimentando-se dele. Depois de sua morte, ele passou este vaso para o seu filho e mais adiante ele seria conhecido como o Santo Graal, que é o tema principal da Demanda do Santo Graal.
Em a Demanda do Santo Graal, contam-se as aventuras do rei Arthur e os seus cavaleiros da távola redonda. Lancelotte é considerado o melhor cavaleiro do mundo, mas a narrativa descreve a sua única falha. Embora seja um homem casto, ele nutre um amor secreto pela rainha Guinevere, mulher de Arthur, o qual é correspondido pela mesma. Este amor simboliza o cavaleiro terreno que não consegue alcançar a divindade por pecar. Quando é organizado a demanda para ir em busca do Santo Graal, Lancelotte ainda decide participar, mas ele, influenciado por Merlin, acaba se envolvendo com uma princesa acreditando veemente ser ela a mulher que ama e assim nasce Galaaz.
Seu filho Galaaz é o ideal do cavaleiro celestial, pois segue uma vida correta e nunca conhece o amor por mulheres, dedica-se na expedição em busca do Santo Graal e o encontra, o que prova que ele é sim o cavaleiro celestial. Logo, podemos perceber o quanto os preceitos religiosos são impostos nesta obra, pois, ela descreve que a  partir do cavaleiro terreno, nasce um ser melhor que é o cavaleiro celestial.
Já o Amadis de Gaula é um tanto diferente das outras novelas de cavalaria, nela o amor se consolida e já se pode perceber um novo comportamento do homem em relação a sociedade. Um dos problemas que envolvem essa obra é a sua autoria.  Não se sabe ao certo quem a escreveu, pois esta é a única novela de cavalaria que não estava presente na biblioteca de D. Duarte. Existem os que defendem a tese de que ela é de autoria portuguesa e aqueles que defendem que é de autoria castelhana, mas até hoje não se entrou em um consenso.
O Amadis de Gaula fala a respeito do amor proibido de uma princesa (Elizena) com o rei Perion que resulta no nascimento de Amadis. Como a princesa não podia cuidar dele, pois na época era uma atrocidade uma donzela engravidar antes de se casar, sua criada Darioleta botou-o dentro de um cesto e colocou-o no rio. Essa parte da história muito se assemelha a história de Moisés, e assim que um casal simples o encontrou, decidiu cuidar dele. Amadis cresceu e tornou-se cavaleiro e sua missão foi cuidar de uma princesa chamada Oriana da corte de Lisuarte. Acontece que os dois se apaixonam e o amor de Amadis por esta senhora é tão intenso que ele arrisca sua vida em muitos momentos para salvá-la e provar-lhe que a ama, logo, existe sim a servidão total do cavaleiro a senhora, mas diferente das outras novelas de cavalaria, além deste amor ser correspondido, ele também é consumado.
Essas novelas de cavalaria ainda são utilizadas em diversos textos até os dias de hoje, mas ganharam, é claro, uma nova roupagem. São fontes de estudo extremamente importantes para compreender a sociedade da época, seus costumes, gostos e valores, mesmo que nestas obras, em alguns momentos se apresentem temas místicos, como o mago Merlin, ainda assim são grandes obras de cunho épico que nos remete a sociedade portuguesa em transição.

Referências bibliográficas:

LOPES, Oscar; SARAIVA, Antônio José.Gênese da ficção medieval em prosa.In: História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto Editoraa, 2001. P. 93 -99.

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